segunda-feira, 28 de junho de 2010

Canção de Outono.

Perdoa-me, folha seca, não posso cuidar de ti. Vim para amar neste mundo, e até do amor me perdi. De que serviu tecer flores pelas areias do chão, se havia gente dormindo sobre o própro coração? E não pude levantá-la! Choro pelo que não fiz. E pela minha fraqueza é que sou triste e infeliz. Perdoa-me, folha seca! Meus olhos sem força estão velando e rogando áqueles que não se levantarão...Tu és a folha de outono voante pelo jardim. Deixo-te a minha saudade a melhor parte de mim. Certa de que tudo é vão. Que tudo é menos que o vento,menos que as folhas do chão...

domingo, 13 de junho de 2010

porque sozinhos podemos melhorar.

Se pensa que eu presico de você... está enganado.
Tudo o que você fez ficou marcado como uma tatuagem que nunca sairá de mim. Mas eu sei perdoar. Será que sei mesmo? Acho que não. Mas uma certeza eu tenho: NÃO PRECISO DE VOCÊ... posso ser feliz assim. E não, não sinto vergonha nem receio de dizer que quero que você passe por tudo que um dia me fez passar, para sentir na pele tudo o que eu senti. Não sou hipócrita. Posso até ter ido ao fundo do poço por você, mas eu sei me reerguer. Tenho pessoas ao meu lado que valem muito mais do que tudo o que você um dia representou ou poderia representar em toda sua existência pra mim. Ah, posso agradecer por me fazer enxergar os meus verdadeiros AMIGOS, foi o que de melhor você deixou. Enfim, não ''morrerei'' por tão pouco.

Não entendo...


Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo.

terça-feira, 1 de junho de 2010

"Onde estivestes de noite."

Ah, e dizer que isto vai acabar, que por si mesmo não pode durar. Não, ela não está se referindo ao fogo, refere-se ao que sente. O que sente nunca dura, o que sente sempre acaba, e pode nunca mais voltar. Encarniça-se então sobre o momento, come-lhe o fogo, e o fogo doce arde, arde, flameja. Então, ela que sabe que tudo vai acabar, pega a mão livre do homem, e ao prendê-la nas suas, ela doce arde, arde, flameja.



Clarice Lispector.